quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

8/1/2017 - SOLENIDADE DA EPIFANIA 2017


Leituras: aqui

1. Com Maria e José acolher, sonhar e anunciar o Deus connosco para uma humanidade  nova”. Dos profetas aos sábios, dos pastores aos Magos, todos percorremos, ao longo de seis semanas, o caminho da alegria. Pelo sonho, aqui viemos. Pelo sonho, aqui chegámos, ao Presépio de Belém, com os Magos e como eles, comovidos e mudos, diante do Menino. E, por fim, “avisados em sonhos”, tal como os Magos, regressaremos, por outro caminho.

2. Hoje, ao concluirmos a nossa caminhada diocesana, gostaria apenas de propor duas coisas, que aprendemos dos Magos. Primeira: Não deixemos que nos roubem o sonho! Segunda: Não deixemos que nos roubem a alegria do Natal, a alegria do amor em família!

Primeira: Não deixemos que nos roubem o sonho! Não deixemos de sonhar! Os Magos procuram sem se cansar, buscam sem cessar, dão azo e asas ao seu desejo do Absoluto, do Além, da Beleza, da Verdade. Estes Magos são verdadeiros “reis do sonho”, porque correm diretos a um sonho, porque se deixam guiar por uma funda intuição do coração! Deles se pode dizer, o que Florbela Espanca escreve da condição do poeta, que «é ser mais alto, é ser maior do que os homens! (…) É ter de mil desejos o esplendor… e não saber sequer que se deseja! É ter cá dentro um astro que flameja. É ter garras e asas de condor! É ter fome, é ter sede de Infinito”. Os Magos ensinam-nos, pois, a sonhar e a não desistir dos nossos sonhos; eles ensinam-nos a procurar, a ir mais além, a levantar os olhos para a Estrela e a seguir e a perseguir os grandes anseios do nosso coração. Ensinam-nos a não nos contentarmos com uma vida medíocre, sem «grandes voos», mas a deixarmo-nos sempre fascinar pelo que é bom, verdadeiro e belo... a deixarmo-nos alcançar por Deus, que é tudo isso, no seu máximo esplendor! “O homem é do tamanho do seu sonho! Matar o sonho é mutilar a nossa alma. O sonho é o que temos de realmente nosso, de impenetrável e inexpugnavelmente nosso" (Fernando Pessoa)! Não deixemos, portanto, que nos roubem o sonho! Não deixemos de sonhar!

Segunda: Não deixemos que nos roubem a alegria do Natal, que se manifesta sobretudo na alegria do amor em família. Essa é a nossa tentação, ao desmontar o presépio, ao deitar fora os embrulhos dos presentes, ao voltar à dureza do dia a dia. Mas os Magos ensinam-nos a preservar a alegria, a cuidar da alegria do amor, que brota do nosso encontro com Maria, José e o Menino. Eles usam aquela astúcia, de quem não se deixa enganar, nem levar por falinhas mansas, nem seduzir por presentes envenenados, de quem sabe fugir dos perigos. O caminho dos Magos está, aliás, cheio de enganos: chegam à cidade errada; falam de uma criança ao assassino de crianças; perdem a estrela, procuram um rei e encontram um bebé. E encontram-no, não num trono, mas entre os braços da mãe. Todavia não se rendem aos seus erros; têm a infinita paciência de recomeçar, até que, ao verem a Estrela, experimentam uma imensa alegria. Deus seduz sempre, porque fala a linguagem da alegria! Ali, onde houver a alegria inteira e indivisa no coração, aí está o sinal de Deus. E, para guardar esta alegria, para que ninguém lha roube, os Magos, «avisados em sonhos, regressaram à sua terra, por outro caminho”. Não deixeis, portanto, que vos roubem a alegria do Natal, mesmo no meio da escuridão, do pranto e da dor! Cuidai da alegria do amor em família. Como Maria e José, como os Magos de Belém, defendei-vos das ameaças e ilusões, fugi dos perigos, e são tantos, que vos podem fazer perder a alegria do amor em família!

3. Amanhã, com a festa do Batismo do Senhor, atravessaremos a porta do Natal para entrar no Tempo Comum! Continuai, com Maria e José, com os Pastores e o Magos, a guardar o sonho e a alegria do amor! Voltai para vossa casa, como os Magos, mas por outro caminho, para que nada nem ninguém vos roube o sonho e a alegria do amor neste Natal, que, por vontade de Deus, não tem ponto final!
Amaro Gonçalo

Sem comentários:

Enviar um comentário

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.