sábado, 29 de junho de 2013

XIII DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C

Leituras: aqui
 

1. A vida é feita de encontros e desencontros! E, no caminho para Jerusalém, há alguns discípulos, que se sentem especialmente tocados por Jesus, pelo timbre da sua voz, pelo vigor da sua palavra, pela riqueza da sua humanidade, pela ternura dos seus afetos. E, em resposta, a tão grande apreço, da parte do Senhor, alguns mostram-se dispostos, e até certa medida, a pagar o preço de O seguir. O chamamento torna-se, portanto, para quem O recebe e acolhe, uma graça, uma bênção, um reconhecimento, que alegra a própria vida, mas também uma ferida e um custo que a compromete, um desafio de liberdade a deixar para trás, esse tudo que é nada, a dispor de si, para Cristo! Aqui se percebe que o dom da fé vive de duas liberdades. Da iniciativa gratuita de Deus que nos dá e Se dá, e do acolhimento e reconhecimento de quem recebe!
2. Mas, o que, porventura, mais nos impressiona na história dos três personagens, que nos aparecem no evangelho, não é, talvez, o seu desejo sincero e entusiasta de seguir Jesus, para onde quer que Ele vá. O que nos fere a alma é esta violência radical de Jesus, que não cede a negociações de última hora, não cede a quaisquer compromissos de afeto, que gozem de prioridade sobre Ele. Pode parecer-nos que Jesus, ciumento, reclame, para si, o exclusivo de todos os nossos afetos, entrando em concorrência com os nossos laços de amor. Mas não. O que está em causa não é deixar de cumprir deveres de piedade filial ou de afeto familiar. O que está em causa é essa cláusula de rescisão, que é posta à testa do contrato: «deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai… deixa-me ir primeiro despedir-me da minha família»… Aqui, a coisa a fazer primeiro indica a prioridade do coração, o que realmente preside aos nossos pensamentos, desejos e decisões. Esta coisa que está primeiro denuncia uma liberdade afetada pelas nossas coisas, mostra que há algo ainda que se antepõe e sobrepõe a Cristo, e que, desse modo, tira e retira a Cristo o Seu primeiro lugar!
3. Ora, o que Jesus nos quer fazer entender, é que não é possível segui-l’O a meias, segui-l’O – sei lá – a partir de amanhã, ou segui-l’O, numa espécie de ocupação temporária de tempos livres. Muitas vezes, vivemos a fé, no seguimento de Cristo, como algo acessório ou secundário, algo a que daremos atenção se tivermos algum tempo, algo a que dedicaremos alguma atenção, se ainda nos sobrar algum tempo, depois de tantas coisas a fazer, ou algo a que, porventura, nos comprometeremos, se não houver ainda outro compromisso mais importante na agenda. Quantas vezes, ouvimos, dos mais pequenos aos mais adultos, frases como estas: “vou à missa, quando posso”; “irei à catequese, se não coincidir com o futebol”, ou “irei à missa, desde que não tenha matéria para estudar” ou “não pude vir, porque tive uma festa de anos de um amigo”. Deus deixa, assim, de ter o primeiro lugar na nossa vida e corre o risco de nem sequer ter lugar, depois de todas as coisas. Deste modo, caímos numa espécie de ateísmo prático, em que Deus não é negado, mas, na prática, vivemos como se Ele não existisse e não contasse para nada. Como diria São Francisco: o Amor maior não é Amado!
4. O tempo de férias, que se aproxima, é ainda mais tentador, para este tipo de desculpas, para esta espécie de fé a prazo e sob condição, desta fé sazonal, que surpreendentemente hiberna no Verão. Ora, se há coisa que este tempo de Verão nos poderia dar é o sentido da gratidão e do reconhecimento a Deus, e da sua viva afeição para connosco. Se há coisa que este tempo nos poderia proporcionar é a graça de responder e corresponder a Deus, oferecendo-Lhe o que ele nos dá de graça: o próprio tempo. Neste caso, o tempo dado não é dinheiro. Mas é o custo pedido, pelo apreço com que nos ama e nos chama.
Seremos verdadeiramente livres, na fé, se nos libertarmos da tralha de vida, que nos ata e domina, e dermos a Deus o seu primeiro e justo lugar. Neste Verão, entremos e mergulhemos todos na onda da fé!
Fonte: aqui

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