Porém não posso esquecer-me daquela senhora que me contava da sua dificuldade em lidar com umas vizinhas e, por outro lado, manifestava um desejo sincero de fazer umas partilhas com uns pobres da terra. Porque também queria ser misericordiosa no ano da misericórdia.
Cuido que no plano das relações a dificuldade existe porque geralmente nos colocamos no centro da relação. O outro tem de ser como nós queremos, ajustado à nossa forma de pensar, de sentir e de ser. Mesmo sem querer, os problemas com os outros têm na raiz esta dificuldade em nos relacionarmos com eles como são, a partir do ponto onde estão. Não era assim Jesus. Não é assim Deus que teima em aproximar-se de nós como somos.
Quero dizer-vos hoje que este olhar o outro a partir de nós poderá também impedir a nossa misericórdia. O Papa bem disse e farta-se de repetir: temos de ir às periferias, temos de ir ao encontro dos outros, sobretudo dos que mais necessitam. Temos, afinal, de sair de nós mesmos. Temos de deixar de ser o centro. Senão o que fizermos ao outro não será por ele, mas por nós. Senão o bem que fizermos não será para os outros, mas para nós. Senão os outros não serão sujeito, mas objecto. Nós seremos apenas um deus sem saber que o somos, centrados nesse poder de podermos ser deus.
No ano da misericórdia se não sairmos de nós ao encontro do outro, poderemos até praticar as obras da misericórdia, mas não seremos misericordiosos. Seremos apenas condescendentes.
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