sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

22 Janeiro 2017 - 3º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Leituras: aqui

1. É surpreendente e escandalosa a estratégia pastoral de Jesus! A primeira surpresa escandalosa é que Jesus não inicia a Sua vida pública em Jerusalém, o centro religioso, social e político de Israel. A Sua missão começa numa zona periférica, numa região desprezada pelos judeus piedosos, devido à presença de diversas populações estrangeiras; por isso o profeta Isaías a indica como «Galileia dos povos» (Is 8,23), terra de pagãos. Jesus enfrenta corajosamente este ambiente urbano, esta mistura de raças, culturas e religiões. Sai ao seu encontro, na certeza de que Deus habita na cidade, a começar pelos pobres. Sai para Se encontrar, para ouvir, para abençoar, para caminhar com as pessoas…
2. Também nós estamos hoje imersos numa «Galileia dos povos». Dominados pelo medo, somos tentados a construir recintos fechados, condomínios privados, para aí nos sentarmos e sentirmos mais seguros, mais protegidos, fazendo, por exemplo, da paróquia, “um grupo de eleitos que olham, para si mesmos, e não um centro de constante envio missionário” (EG, 28). Partindo da Galileia, Jesus ensina-nos o contrário: partir da periferia, dos últimos, dos pobres, dos resíduos, dos não crentes, dos distantes, dos que procuram, para alcançar a todos! É, pois, urgente «sair do próprio conforto e ter a coragem de chegar a todas as periferias que precisam da luz do Evangelho» (EG, 20).
3. E há uma segunda surpresa escandalosa! Jesus começa a Sua missão por pessoas, que se diriam hoje «de perfil baixo». Para escolher os Seus primeiros discípulos e futuros apóstolos, não Se dirige às escolas dos escribas e dos doutores da Lei, mas às pessoas humildes e simples, que se preparam com empenho para a vinda do Reino de Deus. Jesus vai chamá-los lá onde eles trabalham, nas margens do lago: são pescadores. Chama-os e eles seguem-n’O imediatamente: a sua vida tornar-se-á, com Jesus, uma aventura fascinante.
4. Queridos irmãos e irmãs: o Senhor chama também hoje! O Senhor passa pelas estradas da nossa vida diária. O Senhor passa pela nossa praça. E chama-nos a segui-l’O, para andar com Ele, para trabalhar com Ele pelo Reino de Deus, nas «Galileias» dos nossos tempos. Deixemo-nos alcançar pelo Seu olhar, pela Sua voz, e sigamo-l’O, para que a alegria do Evangelho chegue a todos «e nenhuma periferia fique privada da sua luz» (EG, 288).
5. Seguindo o exemplo de Cristo, é preciso mudar toda a nossa estratégia pastoral. Sugeria apenas duas pistas muito simples, mas revolucionárias:
Primeira: não fiquemos sentados nos bancos da igreja à espera de quem chega, mas saiamos ao encontro de quem não vem. Irmão, irmã: sai pelas ruas da cidade, ao encontro dos mais pobres, dos sós e frágeis, mas também atento aos que vagueiam e procuram, sem sossego, uma luz para a sua vida. Sai ao encontro das pessoas, para caminhar com elas, para as ouvir e conversar, e assim lhes facilitares e provocares o encontro com o teu Senhor!
Segunda: não façamos proselitismo, como quem procura angariar sócios para um clube. Evangeliza por atração (EG 14), por contágio, pelo testemunho feliz da tua vida e pela beleza da tua comunidade. Sem propaganda, irradia e contagia com a alegria do Evangelho! Usa de ternura e de misericórdia! Atrai, pelo brilho da tua fé, para a Luz, que é Jesus Cristo. Levanta essa luz, como a de um farol, que projeta ao longe horizontes novos de esperança! Leva essa luz, como a de uma candeia, que ilumina, de perto e no concreto, a escuridão do teu irmão.
E dir-se-á: o povo de Tarouca, a Galileia dos gentios, viu uma grande luz!
Amaro Gonçalo

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