sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

5 Fevereiro 2017 – 5º Domingo do Tempo Comum – Ano A

Leituras: aqui
1. «Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo»! Duas imagens, de alta definição, para ilustrar a identidade do cristão! «Vós sois o sal da terra»! Toda a gente sabe que o sal serve, sobretudo, para dar sabor à comida e para preservar os alimentos da corrupção. Dito assim, os discípulos de Jesus hão de contribuir para que as pessoas saboreiem a beleza de uma vida, cheia de alegria, sem cair na corrupção. «Vós sois a luz do mundo». Sem a luz do Sol, o mundo fica nas trevas! Não nos podemos orientar, nem desfrutar da vida, no meio da obscuridade. Os discípulos de Jesus devem refletir no mundo a luz de que este precisa, para nos orientarmos na justa direção e caminharmos na esperança. E é impressionante a amplitude da missão que Jesus confia a discípulos “cheios de fraqueza e de temor”: uma Terra inteira a salgar e o mundo todo a iluminar. Num caso, como noutro, Jesus sabe bem que basta um pequeno fósforo aceso na noite, para a muitos iluminar e que uma pitada de sal é bastante para dar a tudo um outro sabor.

2. Mas perguntemo-nos agora: que têm de comum estas duas belas imagens de alta definição do cristão? Procuremos individuar três semelhanças:
2.1. Para ser sal ou para ser luz, é preciso sair para fora de si e agir! Se permanecer isolado num recipiente, o sal não serve para nada! Só quando este entra em contacto com os alimentos e se dissolve na comida é que pode dar sabor aos alimentos. O mesmo sucede com a luz. Se permanecer encerrada e oculta, não pode iluminar ninguém! Ela cumpre a sua missão quando se projeta como a luz de um farol ao longe, que ilumina o caminho no meio da tempestade, ou como a luz de uma candeia, ao perto, que ilumina os pequenos espaços de escuridão nas nossas vidas (cf. AL 291). Conclusão muito simples e muito prática: um cristão isolado do mundo, a cheirar a naftalina, não pode ser nem sal nem ser luz. Portanto, o remédio é fugir de uma Igreja encerrada em si mesma, paralisada pelos seus medos e afastada dos problemas e sofrimentos humanos. Saiamos, por toda a parte (cf. EG 49), para dar sabor e curar a vida triste e ferida de tantas pessoas! Saiamos, iluminados pelo Evangelho, “para que nenhuma periferia fique privada da Sua luz” (cf. EG 288)!
2.2. Mas o sal e a luz têm outra coisa em comum: ambos são para os outros. O sal não se tempera a si mesmo e a luz não se ilumina a si própria. O sal aumenta à medida que se espalha! E uma luz que não se apega, também se apagará. Portanto, o desafio é claro: sê uma missão na tua terra (cf. EG 273); espalha, à tua volta, a partir do teu metro quadrado de vida, o sal do Evangelho, que preserva da corrupção. Mas não queiras conservar-te a ti mesmo! Ilumina, ao teu redor, com a luz do Evangelho, mas defende-te da tentação de te iluminares a ti próprio, sob o risco de te encandeares! Aprende da Lua em relação ao Sol: reflete a luz recebida!
2.3. Por último, gostaria de destacar outro ponto em comum: tanto o sal como a luz podem vir a perder a sua força! Como evitar então o cristão com cheiro a naftalina, insosso e apagadinho? É preciso estar sempre ligado, conectado ao Senhor, sobretudo pela oração, que nos ilumina o coração, e pelos sacramentos, que nos dão a saborear a bondade de Deus. Poderás fazer muitas obras, inclusive obras de misericórdia, poderás fazer muitas coisas grandes pela Igreja, mas se estás desligado da fonte, se estás desconectado do teu Senhor, depressa a energia que te move desaparecerá e ficarás, sem força e na escuridão. É precisamente esta comunhão com o Senhor, a verdadeira fonte de energia, que carrega a tua bateria, que dá força ao sal e vida à luz. Por isso, no fim, nos dizia o Senhor: «assim deve brilhar a vossa luz, para que vendo as vossas obras glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus». Por outras palavras, é preciso voltares sempre Àquele que te concede o sal e a luz! Quanto mais os receberes, mais os darás! E quanto mais os deres, mais os receberás! É assim o cristão de alta definição!
Amaro Gonçalo

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