terça-feira, 10 de outubro de 2017

«Discurso da Lua»

Neste dia 11 de Outubro, faz 55 anos que se iniciou em Roma o Concílio Ecuménico Vaticano II.O Concílio decorreu em Roma (entre 1962 e 1965).
Como se calcula, foi fatigante para João XXIII o dia 11 de Outubro de 1962. Inaugurara-se o Concílio Vaticano II.
O Santo Padre tem necessidade de repousar. Passado o tempo combinado, o secretário passa pelo quarto para despertar o Sumo Pontífice. Só que este não responde. Estava na capela....

Como vos sentis, Santo Padre? - inquire Loris Capovilla.
Com o que o Senhor me proporcionou, sinto-me bem. Mas, mais do que nunca, necessito de colóquio interior e de oração prolongada. Nós não somos nada. É o Senhor quem faz tudo.

À noite, ocorre uma procissão de velas na Praça de S. Pedro. João XXIII resolve vir à janela do apartamento e dirige-se à multidão como só ele sabia.
O Papa Bom, João XXIII, proferiu o «Discurso da Lua» neste dia 11 há 55 anos.
Foi quando enviou aos filhos dos que estavam a ouvi-lo a «carícia do Papa».
Vale a pena ler, meditar e reter. Não é longo. E é espantosamente belo!

«Caros filhinhos, oiço as vossas vozes. A minha é apenas uma, mas condensa a voz do mundo inteiro. Todo o mundo está aqui representado.
Parece que até a lua antecipou-se esta noite – observai-a no alto – para contemplar este espectáculo. É que encerramos uma grande jornada de paz. Sim, de paz: Glória a Deus e paz aos homens de boa vontade.
A minha pessoa não conta para nada, quem vos fala é um irmão, que se tornou pai por vontade de Nosso Senhor, mas tudo junto – paternidade e fraternidade – é graça de Deus, tudo, tudo.
Continuemos, pois, a amar-nos, a querer-nos bem, a querer-nos bem; olhando-nos mutuamente no encontro, recolhendo aquilo que nos une, deixando de lado qualquer coisa que nos possa criar dificuldade: nada. Fratres sumus .
Esta manhã aconteceu um espectáculo que nem a basílica de São Pedro, que tem quatro séculos de história, alguma vez pôde contemplar.
Honremos as impressões desta noite. Que os nossos sentimentos permaneçam sempre como agora os manifestamos diante do Céu e da terra. Fé, esperança, caridade, amor de Deus, amor de irmãos. E assim, todos juntos, mutuamente apoiados, na santa paz do Senhor, nas obras do bem.
Quando regressardes a casa, encontrareis os vossos meninos. Fazei uma carícia às vossas crianças e dizei: «esta é a carícia do Papa». Encontrareis algumas lágrimas por enxugar, fazei alguma coisa… dizei uma boa palavra: «O Papa está connosco, especialmente nas horas de tristeza e de amargura».
E assim, todos juntos, animemo-nos, cantando, suspirando, chorando mas sempre, sempre cheios de confiança em Cristo que nos ajuda e nos escuta, para avançarmos e retormarmos o nosso caminho.
E, agora, tende a gentileza de atender à bênção que vos dou e também à boa-noite que me permito desejar-vos».
João António Teixeira, Facebook

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